Colômbia foi o país mais letal para ambientalistas em 2023, afirma grupo de direitos humanos
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Colômbia foi o país mais letal para ambientalistas em 2023, afirma grupo de direitos humanos

A Colômbia, sede da conferência COP16 da ONU sobre biodiversidade deste ano, destacou-se como o país mais letal para ambientalistas e defensores dos direitos à terra em 2023, com um recorde de 79 assassinatos, conforme revelou a Global Witness, uma ONG britânica.

Este número representa o maior total de homicídios de ativistas registrado pela Global Witness em um único país durante um ano desde o início da monitorização em 2012, conforme indicado no relatório anual divulgado nesta segunda-feira (9).

“O número é verdadeiramente alarmante”, declarou Laura Furones, consultora sênior da campanha de defensores da terra e meio ambiente da Global Witness, salientando que as conclusões do relatório são conservadoras e que os números provavelmente estão subestimados.

Globalmente, 196 ambientalistas e ativistas fundiários foram mortos em 2023, com a América Latina liderando amplamente, respondendo por 85% dos homicídios.

Os dados colombianos contrastam fortemente com as promessas do governo do presidente Gustavo Petro, que assumiu o cargo em 2022 e se comprometeu a resolver o conflito de 60 anos e promover a justiça ambiental para as comunidades.

Os esforços de paz com diversos grupos armados — frequentemente implicados em assassinatos de ambientalistas — demonstraram-se infrutíferos. Apesar da redução do desmatamento para o menor nível em 23 anos no ano passado, o Ministério do Meio Ambiente advertiu para uma elevação em 2024.

A Colômbia também liderou como o país mais letal para ambientalistas em 2022, conforme a Global Witness, com pelo menos 60 mortes registradas.

“O número é extremamente constrangedor para nós”, comentou Astrid Torres, coordenadora do Somos Defensores, uma ONG colombiana de direitos humanos. Torres destacou que a responsabilidade não recai apenas sobre o governo atual, mas também sobre instituições estatais, como promotores e autoridades locais.

Um porta-voz do governo colombiano declarou que está elaborando uma resposta à situação.

No ano passado, uma investigação da Reuters revelou que os assassinatos de ambientalistas na Colômbia tiveram efeitos adversos duradouros na conservação, com alguns municípios onde ocorreram esses homicídios registrando aumentos significativos no desmatamento.

Durante o lançamento da agenda da COP16 em Bogotá, em julho, a vice-presidente da Colômbia, Francia Márquez — laureada com o prêmio Goldman Environmental por seu ativismo em 2018 — declarou que a conferência prestaria homenagem aos falecidos.

“Meu coração se enche de emoção ao testemunhar o cumprimento deste sonho, sustentado por tantos anos por líderes ambientais, muitos dos quais não estão mais conosco, tristemente assassinados em nosso país”, afirmou. “Este evento global é um tributo a essas vozes.”

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