O DIU pode se deslocar? Especialista elucida dúvidas e discorre sobre os riscos associados.
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O DIU pode se deslocar? Especialista elucida dúvidas e discorre sobre os riscos associados.

O dispositivo intrauterino (DIU) emerge como uma opção cada vez mais procurada por aqueles que desejam prevenir a gestação. Este instrumento, inserido na cavidade uterina por um ginecologista qualificado, embora amplamente utilizado, suscita uma série de indagações pertinentes.

Recentemente, um incidente envolvendo a influenciadora Hayley Davies ganhou notoriedade nas redes sociais, ao relatar que, durante uma relação íntima, uma parte do dispositivo se deslocou, resultando em uma lesão no pênis de seu parceiro.

Em diálogo com o médico Rogério Felizi, que presta atendimento no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, foram apresentadas, com base em análises científicas rigorosas, as possibilidades de deslocamento do DIU, bem como os riscos envolvidos e as medidas a serem adotadas em situações análogas à da influenciadora.

 

É normal o DIU se deslocar?

O especialista esclarece que, embora o deslocamento do DIU seja uma possibilidade, trata-se de um fenômeno incomum.

“Conforme revelado em algumas pesquisas, a expulsão total ou parcial do DIU pode ocorrer em até 10% das usuárias, especialmente nos primeiros meses subsequentes à inserção do dispositivo”, afirma Felizi.

Além disso, é imperativo que as mulheres estejam cientes de que, embora a incidência seja relativamente baixa, o monitoramento constante da posição do DIU é essencial para garantir sua eficácia e prevenir possíveis complicações.

 

Quais podem ser as causas do deslocamento do DIU?

O médico ressalta que a taxa de expulsão do DIU tende a ser mais elevada entre mulheres que ainda não deram à luz e nas inserções realizadas durante o ciclo menstrual. Ele se fundamenta no estudo intitulado “Intrauterine device expulsion rates in nulliparous and parous women: a systematic review” (2016), publicado no “American Journal of Obstetrics and Gynecology”.

Além disso, diversos fatores podem contribuir para o deslocamento do dispositivo intrauterino, os quais incluem:

  • Técnica de Inserção: A correta colocação do DIU é primordial; um posicionamento inadequado aumenta significativamente o risco de deslocamento.
  • Tipo de DIU: Diferentes tipos de DIU, como os de cobre e hormonais, podem apresentar taxas variadas de deslocamento.
  • Características Individuais: Aspectos como idade, histórico obstétrico e anatomia uterina podem influenciar a estabilidade e a posição do DIU.

 

A contracepção fica prejudicada com o deslocamento do DIU?

O deslocamento do DIU pode acarretar uma série de riscos, tanto em termos de eficácia contraceptiva quanto em potenciais complicações de saúde.

Quando um DIU se desloca, sua capacidade de prevenir a gestação pode ser severamente comprometida. O médico esclarece que a expulsão ou o deslocamento parcial do dispositivo pode resultar em uma taxa de falha contraceptiva significativamente elevada, aumentando assim a probabilidade de uma gravidez indesejada.

Portanto, é crucial que as usuárias estejam atentas a quaisquer alterações que possam indicar um deslocamento, uma vez que a integridade do método contraceptivo depende de sua correta posicionamento. A conscientização acerca desses riscos é essencial para uma experiência segura e eficaz no uso do DIU.

 

Quais os riscos que o deslocamento do DIU pode apresentar à saúde?

O deslocamento do DIU pode ensejar diversos riscos à saúde, tanto para a mulher quanto para o homem, mesmo sendo um dispositivo destinado ao uso feminino.

  • Gravidez Ectópica: Esta condição ocorre quando o feto se desenvolve fora do útero. O feto, nesse caso, não sobrevive e pode calcificar. Mulheres que apresentam o DIU em posição inadequada correm um risco aumentado de gravidezes ectópicas, que podem se revelar perigosas e requerer intervenção médica imediata.
  • Infecções: Um DIU deslocado pode facilitar a ascensão de bactérias do colo do útero para a cavidade uterina. Essa condição está frequentemente associada a um risco maior de infecções pélvicas, incluindo a Doença Inflamatória Pélvica (DIP).
  • Perfuração Uterina: Embora raro, o DIU pode perfurar o útero durante a inserção ou deslocar-se para fora da cavidade uterina, causando dor intensa, hemorragia e, em casos graves, complicações adicionais que requerem atenção médica.
  • Sintomas Físicos: O deslocamento do DIU pode ocasionar sintomas como dor abdominal, sangramentos irregulares ou anormais e desconforto. Diante do surgimento de tais sintomas, é aconselhável que a paciente busque a orientação de um profissional de saúde.

 

O deslocamento do DIU pode causar algum tipo de lesão na mulher ou no homem caso ocorra durante a relação sexual?

O deslocamento do DIU pode, de fato, ocasionar lesões e complicações tanto na mulher quanto no homem, apesar de o dispositivo ser projetado exclusivamente para o uso feminino, especialmente quando tal deslocamento ocorre durante a relação sexual.

“É imperativo que as mulheres que utilizam o DIU realizem consultas regulares para monitorar sua posição e prevenir complicações. Se surgirem sinais de deslocamento, como dor intensa ou sangramento, é essencial procurar um profissional de saúde”, aconselha o especialista.

 

Lesões na mulher
  • Dor e Sangramento: O deslocamento do DIU pode resultar em dor abdominal ou pélvica significativa. Quando o dispositivo se desloca ou é expulso parcialmente, a mulher pode experimentar um desconforto considerável.
  • Risco de Perfuração Uterina: Um DIU deslocado pode levar à perfuração do útero, especialmente se não for removido prontamente. Essa complicação pode provocar dor intensa, hemorragias e, em casos severos, infecções que exigem atenção médica.
Lesões no Homem
  • Desconforto para o Parceiro: Em algumas situações, um deslocamento significativo do DIU pode causar desconforto ao parceiro masculino durante a relação sexual, especialmente se a ponta do DIU estiver protrusa no colo do útero.
  • Risco de Contaminação: Se o DIU estiver deslocado e houver a presença de infecção (como a Doença Inflamatória Pélvica – DIP), o parceiro pode estar em risco de contaminação, principalmente em caso de relações sexuais desprotegidas.

 

Quais os sinais de deslocamento do DIU?

Os sinais de deslocamento do DIU podem apresentar variações significativas. “É fundamental que as usuárias estejam atentas a esses indícios para buscar orientação médica de maneira oportuna”, afirma Felizi. Abaixo, enumeram-se os principais sinais e orientações sobre como proceder ao identificá-los:

  • Dor Abdominal ou Pélvica: Um aumento súbito ou persistente na dor abdominal ou pélvica pode ser um indicativo de deslocamento do dispositivo.
  • Sangramento Irregular: Sangramentos que não correspondem ao ciclo menstrual habitual, como hemorragias intensas ou prolongadas, podem sinalizar um problema.
  • Sensação de “Fio” Protruso: As usuárias devem conseguir perceber os fios do DIU que emergem do colo do útero. Se notarem que os fios estão mais curtos ou ausentes, isso pode indicar um deslocamento do dispositivo.
  • Alterações no Ciclo Menstrual: Mudanças significativas na regularidade ou na intensidade do fluxo menstrual podem ocorrer, manifestando-se em ciclos mais curtos ou mais longos, ou ainda em sangramentos mais intensos.
  • Infecções: Sintomas como febre, corrimento vaginal com odor desagradável ou dor durante a relação sexual podem indicar uma infecção associada ao DIU. A possibilidade de Doença Inflamatória Pélvica (DIP) deve ser uma preocupação se o DIU estiver deslocado.

 

O que fazer quando esses sinais ocorrem?

Assim que qualquer sinal de deslocamento se manifestar, é imperativo agendar uma consulta médica. O profissional de saúde poderá realizar um exame físico detalhado e, se necessário, solicitar um ultrassom para avaliar a posição do DIU.

Rogério Felizi oferece orientações adicionais sobre como proceder:

  • Não Tentar Reposicionar o DIU Sozinho: As usuárias não devem tentar reposicionar o DIU por conta própria, pois essa ação pode resultar em lesões adicionais ou complicações. A remoção ou reposição deve ser realizada exclusivamente por um profissional de saúde qualificado.
  • Monitorar Sintomas: É essencial acompanhar qualquer sintoma adicional que possa surgir, como aumento da dor ou sinais de infecção, e reportá-los ao médico imediatamente.
  • Considerar Métodos Contraceptivos Alternativos: Caso o DIU não possa ser reposicionado ou necessite de remoção, o profissional de saúde deve discutir com a paciente opções de métodos contraceptivos alternativos.

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