Moradia de Qualidade: Um Sonho Que o Salário Não Alcança
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Moradia de Qualidade: Um Sonho Que o Salário Não Alcança

Entre o aluguel que sufoca e o custo de vida que não perdoa, a luta por um lar digno no Brasil escancara desigualdades econômicas e sociais

 

Um teto que pesa mais que a renda

No Brasil, o direito à moradia digna é um ideal garantido pela Constituição, mas a prática revela outra história. Para milhões de brasileiros, conseguir alugar um apartamento minimamente decente enquanto arca com os custos básicos de sobrevivência é uma missão quase impossível. E, como se já não bastasse, as disparidades econômicas e raciais aprofundam ainda mais esse abismo habitacional.

 

Quando o aluguel devora o salário

Os dados não mentem: mais de 23% das pessoas que vivem em imóveis alugados gastam 30% ou mais da sua renda com aluguel. Para quem está nos 20% mais pobres, cujo rendimento médio per capita mal ultrapassa R$ 271, esse fardo é devastador. É o famoso “pagar pra morar ou comer?”, que deixa famílias inteiras no limite do possível. Nessas condições, morar com qualidade parece privilégio, e não direito básico.

 

A cor do capitalismo: desigualdade racial e habitação

A moradia digna no Brasil tem cor e gênero. Populações negras e pardas enfrentam mais insegurança habitacional, seja pela falta de documentação de suas casas (18,5% entre os mais pobres) ou pelo ônus desproporcional do aluguel. As mulheres negras chefes de família, por exemplo, encaram níveis ainda mais altos de vulnerabilidade, tanto financeira quanto social. Esse retrato reflete séculos de exclusão estrutural e econômica, onde o racismo e o patriarcado andam de mãos dadas com a desigualdade.

 

O sistema capitalista e sua lógica de exclusão

O mercado imobiliário no Brasil não funciona para todos — e talvez nem queira. A lógica capitalista privilegia a especulação e o lucro sobre o acesso universal. Isso se traduz em aluguéis exorbitantes nas grandes cidades e na periferização forçada de famílias de baixa renda, que acabam mais longe do emprego, das escolas e de serviços básicos. Quem pode mais chora menos, e quem não pode fica à mercê de políticas públicas insuficientes ou inexistentes.

 

Um país sem teto para tantos

A crise habitacional brasileira é mais que uma questão de tijolo e cimento; é um reflexo direto das desigualdades estruturais que moldam o país. Enquanto continuarmos normalizando que ter um lar digno é uma questão de “sorte”, e não de justiça social, o problema só se agravará. A luta por moradia acessível precisa ser coletiva, urgente e, acima de tudo, transformadora. Afinal, ninguém deveria escolher entre viver com dignidade ou apenas sobreviver.

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