Câncer de Pulmão: Novo Tratamento Reduz em 27% Risco de Óbito
Aprovada em novembro pela Anvisa, a nova indicação para o durvalumabe, uma imunoterapia, está associada ao aumento significativo da sobrevida em pacientes
Imunoterapia Eleva a Sobrevivência de Pacientes
Subtítulo: A aprovação da Anvisa para a nova indicação do durvalumabe baseou-se nos resultados do estudo ADRIATIC de fase 3, que avaliou a segurança e eficácia do medicamento em 730 pacientes com câncer de pulmão de pequenas células em estágio limitado.
Matéria: A Anvisa aprovou, com fundamento nos resultados do estudo ADRIATIC de fase 3, uma nova indicação para o durvalumabe, imunoterapia que tem demonstrado resultados promissores no tratamento de pacientes com câncer de pulmão de pequenas células em estágio limitado. O estudo, que abarcou 730 pacientes, investigou a segurança e eficácia do medicamento, evidenciando melhorias substanciais na sobrevida.
Os pacientes foram aleatoriamente divididos para receber, ou não, uma combinação de 1.500 mg de durvalumabe com 75 mg de tremelimumabe a cada quatro semanas, totalizando até quatro doses de durvalumabe, seguidas por manutenção do durvalumabe a cada quatro semanas por até 24 meses. A comparação com o grupo controle, que recebeu placebo, revelou um benefício clínico significativo.
Os dados obtidos indicam que 57% dos pacientes tratados com durvalumabe estavam vivos após três anos de acompanhamento, consolidando a eficácia e o impacto dessa imunoterapia na sobrevivência dos pacientes com prognóstico severo.
“Essa aprovação do durvalumabe para o câncer de pulmão de pequenas células em estágio limitado representa um marco no tratamento dessa condição, introduzindo pela primeira vez a imunoterapia com um significativo incremento na sobrevida”, declara Karina Fontão, diretora médica executiva da AstraZeneca Brasil.
Como a Imunoterapia Funciona?
O durvalumabe é uma imunoterapia que já possui aprovação para o tratamento de diversos tipos de câncer, como o câncer de pulmão de pequenas células em estágio avançado (que já se espalhou), além de outros subtipos de células não pequenas e alguns cânceres gastrointestinais, conforme destaca Fontão.
“A imunoterapia atua bloqueando um mecanismo que impede o sistema imunológico de reconhecer e combater o câncer. O medicamento impede que o organismo ‘desabilite’ sua capacidade de identificar o tumor. Dessa forma, o sistema imunológico retoma sua função natural de reconhecer o câncer como algo invasor, permitindo que o próprio corpo inicie o processo de destruição do tumor”, explica a especialista.
Para que um tumor se desenvolva, ele cria estratégias para “evitar” o sistema imunológico. Esse mecanismo impede que o organismo consiga identificar e atacar as células cancerígenas, permitindo que a doença evolua. Como explica Harada, “a imunoterapia, como o durvalumabe, reverte esse processo, permitindo que o sistema imunológico reconheça o tumor novamente. É como se a terapia removesse o ‘escudo’ que o câncer usa para se esconder do sistema de defesa do organismo”.
“A aprovação do durvalumabe para o câncer de pulmão de pequenas células em estágio limitado pode verdadeiramente transformar o panorama desafiador da doença. Ao oferecer um aumento significativo na sobrevida e uma redução nas taxas de mortalidade, essa terapia passa a ser o novo padrão de tratamento para pacientes com esse perfil específico, marcando um avanço crucial em um cenário que, há décadas, carecia de inovações terapêuticas”, conclui Harada.