Crescimento do Câncer de Intestino entre Jovens Alerta Comunidade Científica Global
SAÚDE

Crescimento do Câncer de Intestino entre Jovens Alerta Comunidade Científica Global

Incidência de câncer colorretal de início precoce (faixa etária entre 25 e 49 anos) registra aumento em 27 dos 50 países e territórios avaliados

O aumento de casos de câncer de intestino entre jovens tem se tornado uma preocupação mundial, conforme evidencia um estudo recentemente publicado na renomada revista científica The Lancet Oncology.

A pesquisa, conduzida pela Sociedade Americana do Câncer, revelou um crescimento expressivo na incidência de câncer colorretal de início precoce — acometendo indivíduos entre 25 e 49 anos — em 27 das 50 nações e territórios avaliados. Entre os locais com maior incremento anual figuram a Nova Zelândia (4%), o Chile (4%) e Porto Rico (3,8%). Curiosamente, em 14 dessas 27 localidades, as taxas de incidência apresentaram estabilidade ou até mesmo redução entre a população de maior idade. Ressalta-se que os dados brasileiros não foram contemplados no levantamento.

“O crescimento do câncer colorretal de início precoce constitui um fenômeno de amplitude global”, enfatiza Hyuna Sung, cientista principal sênior no setor de pesquisa de vigilância do câncer da American Cancer Society e autora principal do estudo, em nota oficial divulgada à imprensa. “Embora investigações anteriores já tenham identificado esse aumento em países ocidentais de elevada renda, agora ele está registrado em diversas economias e regiões ao redor do mundo.”

Como o estudo foi conduzido?

O propósito central do estudo consistiu em investigar as tendências da incidência de câncer colorretal em adultos jovens, cotejando-as com as observadas em indivíduos mais velhos, valendo-se de dados acumulados até o ano de 2017 em 50 países ou territórios. As informações foram extraídas da base Cancer Incidence in Five Continents Plus. As tendências foram analisadas com base nas taxas de incidência padronizadas por idade, abrangendo o período de 1943 a 2017.

A metodologia incluiu a visualização e quantificação das mudanças temporais conforme a faixa etária no momento do diagnóstico (25-49 anos e 50-74 anos). Além disso, foram calculadas as variações percentuais anuais médias referentes aos últimos dez anos do conjunto de dados disponíveis.

De acordo com os resultados, o aumento do câncer colorretal de início precoce revelou-se mais acentuado entre os homens, especialmente em países como Chile, Porto Rico, Argentina, Equador, Tailândia, Suécia, Israel e Croácia. Por outro lado, as mulheres registraram os índices de crescimento mais elevados na Inglaterra, Noruega, Austrália, Turquia, Costa Rica e Escócia.

Nos cinco anos mais recentes, as taxas de incidência do câncer colorretal de início precoce mostraram-se mais elevadas na Austrália, Porto Rico, Nova Zelândia, Estados Unidos e República da Coreia, variando entre 14 e 17 casos por 100.000 habitantes. Em contrapartida, os índices mais baixos foram observados em Uganda e Índia, com 4 casos por 100.000 habitantes.

“O alcance global dessa tendência alarmante reforça a necessidade premente de desenvolver ferramentas inovadoras para prevenir e controlar neoplasias associadas a padrões alimentares inadequados, sedentarismo e excesso de peso corporal. É imprescindível intensificar os esforços para identificar fatores adicionais que expliquem essas tendências e implementar estratégias preventivas eficazes, adaptadas às gerações mais jovens e aos recursos disponíveis em diferentes contextos ao redor do mundo”, salienta Hyuna Sung.

Além disso, Sung destaca a importância de “ampliar a conscientização acerca da tendência e dos sintomas característicos do câncer colorretal de início precoce — como sangramento retal, dor abdominal, alterações nos hábitos intestinais e perda de peso inexplicável — tanto entre os jovens quanto entre os profissionais de atenção primária. Tal abordagem pode contribuir significativamente para reduzir atrasos no diagnóstico e, consequentemente, diminuir a mortalidade associada.”

Quais são as causas do câncer de intestino e como preveni-lo?

O câncer de intestino, também designado como câncer de cólon e reto ou câncer colorretal, origina-se no intestino grosso (cólon) ou no reto. Em território brasileiro, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) projeta aproximadamente 45.630 novos diagnósticos da enfermidade anualmente.

Entre os fatores de risco mais relevantes para o desenvolvimento do câncer de intestino destacam-se a faixa etária avançada, particularmente acima dos 50 anos, o sedentarismo, o sobrepeso ou obesidade e uma dieta inadequada, caracterizada por baixo consumo de frutas, vegetais e alimentos ricos em fibras. A ingestão de alimentos ultraprocessados e o consumo excessivo de carne vermelha também figuram como elementos associados a um risco aumentado.

Ademais, o Inca ressalta outros fatores de risco, tais como histórico familiar de câncer de intestino, tabagismo e consumo de bebidas alcoólicas, além da presença de condições inflamatórias intestinais crônicas, a exemplo da retocolite ulcerativa e da doença de Crohn.

A prevenção contra o câncer de intestino fundamenta-se em práticas que promovam a saúde integral, incluindo a manutenção de um peso corporal adequado, a adoção de um estilo de vida ativo com a prática regular de exercícios físicos, e uma alimentação equilibrada, rica em frutas, verduras, legumes e cereais integrais. Reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados, evitar o tabagismo e moderar a ingestão de bebidas alcoólicas são estratégias essenciais para a redução do risco de desenvolvimento dessa neoplasia.

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