Condicionamento físico para idosos: uma tendência promissora no cenário fitness brasileiro
SAÚDE

Condicionamento físico para idosos: uma tendência promissora no cenário fitness brasileiro

Um levantamento realizado pelo American College of Sports Medicine, instituição de referência internacional em medicina esportiva e fitness, destaca a relevância dos exercícios físicos para assegurar a saúde física, mental e emocional da população idosa. O documento resulta de uma pesquisa anual que investiga as tendências do setor fitness, com foco nos profissionais da área.

No contexto brasileiro, o relatório aponta que os programas de condicionamento físico voltados para idosos ocupam a posição de destaque nas tendências emergentes. “Os dados apresentados por esta pesquisa são de suma importância, pois o aumento da longevidade da população demanda intervenções substanciais que atendam às necessidades desse grupo. Isso inclui o autocuidado, tanto físico quanto mental, que promove maior longevidade, independência, qualidade de vida e saúde”, assevera Larissa Fidelis da Silva, educadora física vinculada ao Espaço Einstein: Esporte e Reabilitação, do Hospital Israelita Albert Einstein.

O ortopedista e traumatologista Moisés Cohen, professor titular do Departamento de Ortopedia, Traumatologia e Medicina Esportiva da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), compartilha dessa perspectiva. “É imperativo direcionarmos esforços para a implementação de programas de exercícios destinados aos idosos. Com o aumento da expectativa de vida, a incidência de quedas, doenças crônicas e comprometimentos cognitivos se torna mais prevalente, e tais desafios podem ser mitigados por meio de intervenções específicas no âmbito do fitness”, afirma Cohen, que também contribui para o trabalho no Einstein.

 

Por onde começar?

Iniciar a prática de exercícios físicos pode se revelar uma tarefa desafiadora para qualquer indivíduo, e essa dificuldade é acentuada para a população idosa, que muitas vezes se sente menos disposta e receosa de eventuais lesões. Contudo, é fundamental compreender que, quando o programa de treinamento é concebido por um profissional qualificado e conta com a devida orientação, o risco de lesões se torna bastante reduzido, enquanto a gama de benefícios se amplia de maneira significativa.

“É possível destacar, entre os muitos benefícios, o incremento da massa muscular, força e potência; a melhoria da composição corporal e dos níveis de colesterol; a redução dos marcadores de estresse oxidativo, condição prejudicial provocada pela ação nociva dos radicais livres; além do combate a doenças como diabetes, hipertensão, osteoporose e Alzheimer”, ressalta Larissa Silva.

E a lista não para por aí! Segundo o doutor Moisés Cohen, uma rotina ativa não apenas previne a sarcopenia — a natural perda de massa muscular associada ao avançar da idade —, mas também acentua o equilíbrio e a propriocepção, fatores cruciais na prevenção de quedas. Ademais, os exercícios contribuem para a melhoria da saúde cardiovascular e respiratória, promovem a autonomia e auxiliam no controle do peso.

Sem mencionar os benefícios inegáveis para a saúde mental, como o alívio da depressão e da ansiedade, que são potencializados pela socialização inerente às atividades físicas, especialmente aquelas realizadas em grupo.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que, a partir dos 65 anos, os indivíduos se engajem em atividades moderadas pelo menos três vezes por semana, englobando modalidades aeróbicas, de fortalecimento muscular, flexibilidade, força, coordenação motora, agilidade e equilíbrio. Para os iniciantes, é aconselhável começar com treinos de menor intensidade e duração, progredindo gradativamente.

“Nesse contexto, é de suma importância concentrar-se na aprendizagem motora: é imprescindível dominar a execução correta dos movimentos, realizando a contração dos músculos de maneira adequada, a fim de evitar sobrecargas nas articulações, antes de avançar em relação ao volume, intensidade e variações dos exercícios”, esclarece Larissa Silva, educadora física do Espaço Einstein.

Para aqueles que já se encontram habituados à prática de atividades físicas e apresentam um estado físico satisfatório, é viável adotar treinos de maior intensidade, adequando-se às diretrizes da OMS para adultos em geral, que preveem de 150 a 300 minutos semanais de atividade moderada ou de 75 a 150 minutos semanais de exercícios aeróbicos de intensidade vigorosa. Em todas as situações, é fundamental que a modalidade escolhida proporcione prazer e se encaixe na rotina do praticante, fator que favorece a adesão.

 

Cuidados necessários

Além de se exercitar sob a orientação e supervisão de profissionais qualificados, é recomendável que os idosos adotem outras precauções. “Considerando que essa população apresenta maior vulnerabilidade, é imprescindível implementar cuidados específicos para prevenir lesões e intercorrências. Isso inclui a realização de consultas médicas e check-ups regulares, a manutenção de uma hidratação adequada, além do uso de vestuário e calçados apropriados, os quais são fundamentais para evitar lesões e auxiliar na regulação térmica do corpo”, orienta Cohen.

Larissa Silva enfatiza ainda a relevância da participação de um profissional de educação física em todo esse processo, uma vez que ele realizará uma avaliação individualizada de cada aluno e proporcionará acompanhamento constante. Quanto mais precocemente a pessoa iniciar sua jornada de atividade física, maiores serão os benefícios associados a um estilo de vida mais ativo — independentemente da idade.

Qual Sua Reação?

Alegre
0
Feliz
0
Amando
0
Normal
0
Triste
0

You may also like

More in:SAÚDE

Leave a reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *