Conheça os cinco autores brasileiros mais frequentemente mencionados no Exame Nacional do Ensino Médio
Anualmente, no contexto do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), os discentes são confrontados com uma variedade de questões que exploram o vasto universo da literatura brasileira. Essas indagações englobam não apenas os títulos das obras, mas também o contexto histórico de suas produções, além de nuances que variam em complexidade.
Contrariando a percepção comum entre muitos estudantes, a mera memorização dos livros não é suficiente. Conforme enfatiza Vanessa Botasso, coordenadora de redação do Poliedro, é imperativo transcender essa abordagem superficial e desenvolver uma interpretação da relação entre as obras e a contemporaneidade.
“No Enem, é imprescindível, além de estar familiarizado com as principais ideias dos autores mais recorrentes nesta prova, compreender quais temas ou discussões específicas eles frequentemente articulam”, elucidou a especialista.
Ailton Krenak – “Ideias para adiar o fim do mundo”
No rol de escritores que merecem destaque nas provas, figura Ailton Krenak, um proeminente líder indígena e intelectual consagrado pela Academia Brasileira de Letras (ABL). Sua obra “Ideias para adiar o fim do mundo” é imprescindível para que os estudantes mantenham um entendimento profundo durante o Enem.
Nesse livro, Krenak critica a visão autodestrutiva que permeia a modernidade ocidental, propondo modos de vida que promovem uma harmonia com a natureza. Ele questiona o paradigma de desenvolvimento econômico que opera a qualquer custo, instigando reflexões acerca de um futuro sustentável.
Vanessa enfatiza: “No Brasil, sua obra é central para o debate da crise ambiental, da exploração desenfreada dos recursos naturais e do apagamento das culturas tradicionais”, afirmou a especialista.
Carlos Drummond de Andrade – “Sentimento do mundo”
Outro autor de grande relevância que frequentemente se destaca nas provas é Carlos Drummond de Andrade, em particular por meio de sua obra “Sentimento do mundo”. Neste compêndio, o poeta exprime a angústia e a perplexidade que o assolaram em decorrência das transformações políticas e sociais que marcaram a Segunda Guerra Mundial.
Vanessa observa que a obra revela a dualidade intrínseca de um artista que, por um lado, se entristece com os rumos da sociedade, mas, por outro, mantém uma postura otimista e esperançosa, embasada em sentimentos de empatia e solidariedade.
“No contexto brasileiro, a obra é de suma importância para discutir questões sociais contemporâneas, como a desigualdade e a exclusão, promovendo reflexões acerca da necessidade de responsabilidade coletiva e de justiça social”, analisa a especialista.
Gilberto Dimenstein – “Cidadão de papel”
Em sua obra “Cidadão de papel”, Gilberto Dimenstein lança um olhar incisivo sobre a fragilidade dos direitos sociais no Brasil, com especial ênfase nas populações mais vulneráveis, como crianças e adolescentes. Vanessa destaca que a contribuição mais significativa da obra reside na sua capacidade de evidenciar o abismo entre as garantias constitucionais e a realidade vivida, ressaltando a disparidade entre a teoria e a prática dos direitos no país.
“Para os diversos temas que podem ser abordados nas provas do Enem, essa obra é fundamental, pois destaca a desigualdade de acesso aos direitos básicos e revela como a cidadania plena ainda permanece uma aspiração distante da realidade de muitos brasileiros”, comenta Vanessa.]
Machado de Assis – “Papéis avulsos”
A coletânea de contos “Papéis Avulsos”, de Machado de Assis, é um marco da literatura brasileira e um texto essencial para aqueles que se preparam para as provas do Enem. Nas narrativas concisas que compõem a obra, o autor aborda temas universais, como a hipocrisia, o desejo e as contradições entre aparência e essência, tudo sob um olhar irônico e uma crítica sutilmente elaborada.
De acordo com a coordenadora de redação, a habilidade do autor em captar a complexidade da condição humana, assim como as dinâmicas sociais e estruturas do século XIX, é fundamental para a compreensão das contradições que permeiam a sociedade brasileira.
“Para as discussões contemporâneas, seus contos se mostram extremamente valiosos, pois possibilitam uma reflexão profunda sobre muitos temas que permanecem pertinentes no Brasil atual”, conclui a especialista.
Paulo Freire – “Pedagogia da autonomia”
Por fim, Vanessa ressalta a importância do educador Paulo Freire e sua obra “Pedagogia da autonomia”, que frequentemente se revela relevante nas avaliações. Nesta obra, Freire defende uma abordagem educacional fundamentada no respeito à autonomia e à liberdade dos indivíduos, cuja prática envolve o estímulo ao pensamento crítico e à participação ativa dos educandos.
“Freire destaca o papel transformador da educação, propondo que o ato de ensinar seja essencialmente político e libertador, apto a confrontar as opressões históricas que perpetuam as desigualdades educacionais”, conclui Vanessa.