Descubra o Projeto que Revelou o MicroRNA e Conquistou o Nobel de Medicina
Os biólogos norte-americanos Gary Ruvkun e Victor Ambros foram agraciados, nesta segunda-feira (7), com o Prêmio Nobel de Medicina ou Fisiologia. Esta distinção foi conferida pela Assembleia do Nobel da Universidade de Medicina do Instituto Karolinska, na Suécia, em reconhecimento à monumental descoberta do microRNA e sua função essencial na ontogenia dos organismos multicelulares.
Ambros, professor de Ciências Naturais na Escola Médica da Universidade de Massachusetts, e Ruvkun, professor de Genética em Harvard, lideraram a pesquisa que revelou a complexa dinâmica pela qual os genes se desdobram em diferentes tipos celulares no organismo humano, em um fenômeno conhecido como regulação genética.
O microRNA constitui uma família de moléculas que faculta às células o controle sobre a síntese de proteínas, delineando, portanto, a estrutura específica que cada célula assumirá no contexto dos organismos vivos. A princípio, os experimentos realizados pela equipe concentraram-se na atuação do microRNA em lombrigas; no entanto, ao longo dos anos, a dupla demonstrou que este mecanismo é imprescindível para a totalidade do reino animal, perdurando na Terra há centenas de milhões de anos.
“As informações consignadas em nossos cromossomos assemelham-se a um meticuloso manual de instruções destinado a todas as células do organismo. Cada célula abriga os mesmos cromossomos, portando, assim, um conjunto idêntico de genes e instruções precisas”, declarou o comitê ao detalhar o labor da dupla.
“A resposta reside na regulação genética, que permite a cada célula a seleção das instruções pertinentes. Tal mecanismo assegura que apenas o conjunto adequado de genes esteja ativo em cada tipo celular.”
Entretanto, se a regulação genética falhar, poderá resultar no desenvolvimento de patologias como o câncer e em outras condições que afligem tanto humanos quanto outros animais, incluindo a perda auditiva e distúrbios esqueléticos.
A outorga do Prêmio Nobel a Ambros e Ruvkun era amplamente aguardada por muitos especialistas, conforme assinalou David Pendlebury, chefe de Análise de Pesquisa do Instituto de Informação Científica da Clarivate.
“Os microRNAs apresentam oportunidades promissoras para diagnósticos e intervenções terapêuticas no tratamento do câncer e de outras enfermidades. Ensaios clínicos estão em andamento para a utilização do perfil de microRNA como ferramenta prognóstica e para avaliação da resposta clínica”, afirmou Pendlebury em entrevista.
No ano anterior, o prêmio foi concedido a Katalin Karikó e Drew Weissman em reconhecimento a suas contribuições significativas às vacinas de mRNA, um recurso fundamental no combate à disseminação da Covid-19.
O prêmio é composto por 11 milhões de coroas suecas (aproximadamente R$ 5,3 milhões).