Hipertricose: compreenda a enfermidade comumente denominada como “síndrome do lobisomem”
Essa rara afecção dermatológica distingue-se pelo crescimento exacerbado de pelos em distintas regiões corporais
A hipertricose, popularmente designada como “síndrome do lobisomem”, constitui uma condição dermatológica de natureza rara, caracterizada pela proliferação anômala e excessiva de pelos, que pode manifestar-se de maneira localizada ou generalizada em diferentes partes do corpo.
É comum que a hipertricose seja equivocadamente associada ao hirsutismo, uma desordem que acomete predominantemente mulheres, provocando o crescimento anormal de pelos em áreas corporais inusitadas, como a região mandibular. Entretanto, diferentemente da hipertricose, o hirsutismo encontra sua etiologia na desregulação hormonal.
“A hipertricose pode ter origem congênita, ou seja, presente desde o nascimento, ou ser adquirida ao longo da vida, em decorrência de fatores exógenos”, elucida a dermatologista Helena Rocchetto, do Alta Diagnósticos. Ela salienta, ainda, que a manifestação adquirida pode estar associada a condições sistêmicas, ao uso de determinados fármacos ou à presença de neoplasias.
Entre os medicamentos frequentemente relacionados ao surgimento da hipertricose, destacam-se a fenitoína, o minoxidil em sua forma oral e a ciclosporina, conforme pontuado pela especialista. Adicionalmente, patologias como anorexia nervosa, síndromes de má absorção, hipotireoidismo e síndromes paraneoplásicas figuram entre os potenciais desencadeadores dessa condição peculiar.
Sintomas da Hipertricose
Em linhas gerais, o sintoma preponderante da hipertricose consiste no crescimento excessivo e anômalo de pelos em diferentes regiões do corpo, podendo manifestar-se de forma localizada (hipertricose localizada) ou generalizada (hipertricose generalizada).
No caso da hipertricose congênita, que surge desde o nascimento, os pelos podem proliferar de maneira quase completa, cobrindo vastas porções do corpo do recém-nascido. Essa manifestação frequentemente está associada a mutações genéticas. “Nesse contexto, é comum a presença de outras malformações, como alterações dentárias, auditivas e esqueléticas”, pontua a dermatologista Helena Rocchetto.
A hipertricose, de maneira geral, pode apresentar três tipos distintos de pelos:
- Vellus: Pelos finos e curtos, distribuídos de forma ampla no corpo, com exceção de regiões específicas como as palmas das mãos, solas dos pés, parte posterior das orelhas, lábios e tecidos cicatriciais.
- Lanugo: Pelos delicados e macios, frequentemente encontrados em bebês recém-nascidos.
- Terminal: Pelos longos, espessos e, frequentemente, escuros, comumente observados em áreas como o rosto e o tronco.
Como Identificar e Tratar a Condição?
O diagnóstico da hipertricose é conduzido por um dermatologista, que baseia sua análise na aparência dos pelos e em sua distribuição corporal. Além disso, é fundamental avaliar a história clínica do paciente, como a presença ou antecedentes de desordens endocrinológicas, bem como o histórico familiar e o uso de medicamentos que podem estar associados ao crescimento excessivo de pelos.
O tratamento da hipertricose, segundo Helena Rocchetto, depende essencialmente da causa subjacente. “Se a condição for provocada pelo uso de um medicamento, a suspensão deste pode ser uma estratégia eficaz para mitigar o crescimento excessivo de pelos. Caso a hipertricose esteja relacionada a uma doença sistêmica, é necessário diagnosticar e tratar a causa base”, esclarece a especialista.
Além disso, a remoção física dos pelos pode ser realizada por métodos como a depilação manual ou a depilação a laser, ambas opções frequentemente empregadas para atenuar os efeitos estéticos da hipertricose.
É Possível Prevenir?
A hipertricose congênita, por sua natureza genética, não pode ser prevenível. No entanto, a hipertricose adquirida pode ser evitada por meio de medidas preventivas eficazes. O diagnóstico precoce é fundamental para impedir que a condição se agrave.
No caso da hipertricose adquirida associada ao uso de medicamentos, é crucial que os riscos sejam cuidadosamente discutidos com o médico antes do início do tratamento. Uma vez confirmado o diagnóstico, a suspensão do medicamento em questão pode ser uma medida adequada para controlar e evitar o desenvolvimento da condição.