Moscas com Maior Longevidade nos Estados Unidos Podem Propagar-se Globalmente, Afirma Estudo
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Moscas com Maior Longevidade nos Estados Unidos Podem Propagar-se Globalmente, Afirma Estudo

Espécie de percevejos tem apresentado longevidade ampliada nos Estados Unidos, e os centros urbanos podem estar contribuindo para sua disseminação

 

Insetos invasores que adentraram o território norte-americano há uma década têm demonstrado uma crescente longevidade, permanecendo ativos por períodos mais prolongados a cada ano, e alastrando-se por diversas regiões do país.

O estudo, recentemente publicado na prestigiada Biological Journal of the Linnean Society, na quarta-feira (4), revela que, de acordo com pesquisadores da Universidade de Nova York (NYU), os percevejos-lanternas estão vivenciando ciclos de vida cada vez mais duradouros, com sua proliferação especialmente acentuada nas áreas urbanas.

Apesar do potencial risco que representam para os ecossistemas locais nas regiões invadidas, os estudiosos sugerem que as áreas urbanas possam funcionar como “zonas de detecção precoce”, desempenhando um papel crucial no monitoramento e controle dessas pragas devastadoras.

Os percevejos-lanternas chegaram aos Estados Unidos há dez anos, e suas emergências anuais ocorrem com maior antecipação, conforme evidenciado por uma meticulosa análise dos dados provenientes da ciência cidadã.

O alongamento do ciclo de vida e as alterações nos padrões de atividade podem ser parcialmente atribuídos às áreas urbanas, cujos climas mais aquecidos favorecem a proliferação dessas espécies.

 

Chegada aos Estados Unidos

O percevejo-lanterna manchado, originário de regiões da Ásia, foi detectado pela primeira vez nos Estados Unidos há uma década, na região leste da Pensilvânia. Desde então, tem se expandido progressivamente pelo Nordeste, Meio-Oeste e Sudeste do país, suscitando apreensões quanto ao impacto potencial sobre a flora local e a agricultura.

No ano de 2020, os insetos invasores passaram a ser uma presença comum nas ruas de Nova York. Kristin Winchell, professora assistente de biologia na NYU, especialista em ecologia e evolução em contextos urbanos, não demonstrou surpresa diante desse fenômeno.

Tal reação não é inesperada, uma vez que as cidades frequentemente oferecem um ambiente propício para a proliferação de espécies invasoras, favorecidas, entre outros fatores, pelas condições climáticas e pelo comércio. “As áreas urbanas costumam apresentar invernos mais amenos, criando condições ideais para espécies que, em outros contextos, só sobreviveriam em climas mais quentes e tropicais”, explicou Winchell.

“Além disso, os ambientes urbanos raramente são acolhedores para as espécies nativas, o que resulta em uma comunidade ecológica empobrecida, permitindo que novas espécies se estabeleçam com maior facilidade”, concluiu a pesquisadora.

 

Identificação

Graças às características distintivas em seus corpos e asas, o público tem aprendido a reconhecer os percevejos-lanternas manchados e a reportá-los às autoridades estaduais e plataformas de ciência cidadã.

Hannah Owen, integrante da equipe de Winchell, analisou aproximadamente 20.000 imagens desses insetos no Nordeste dos Estados Unidos, registrando as localizações e estágios de vida das espécies a fim de explorar os padrões populacionais e de atividade.

Os dados coletados na plataforma iNaturalist revelaram uma correlação com o crescimento exponencial da população desses insetos nos estados do Nordeste nos primeiros anos após sua invasão.

Fatores como a temperatura regional e as características das áreas urbanas mostraram-se associados ao avanço precoce da atividade dos percevejos-lanternas manchados.

Ou seja, temperaturas mais altas podem estar facilitando a disseminação desses insetos em direção ao norte, alcançando regiões anteriormente consideradas demasiado frias para a sua sobrevivência.

Os pesquisadores esperam que os resultados de sua pesquisa possam guiar futuros esforços de monitoramento desses invasores. “Se as cidades adotarem uma postura mais vigilante, esses grandes centros populacionais poderão desempenhar um papel crucial na contenção de espécies invasoras”, afirmou Owen.

 

Pico dos Invasores Já Passou?

Em regiões como Pensilvânia e Nova Jersey, onde os percevejos-lanternas chegaram mais precocemente, as populações desses insetos cresceram exponencialmente, mas atingiram um pico e começaram a declinar após um período de quatro ou cinco anos. Atualmente, sua prevalência é substancialmente inferior à observada em anos anteriores.

“É razoável supor que pressões ecológicas comecem a reduzir as populações. Por exemplo, espécies nativas, como aranhas, vespas e pássaros, estão aprendendo a predar os percevejos-lanternas”, explicou Winchell.

Os dados provenientes da plataforma iNaturalist indicaram que Nova York registrou a maior população de percevejos-lanternas em 2022. Com base nos padrões observados em estados que já haviam sido invadidos, os pesquisadores previram que a população atingiria um pico e, em seguida, declinaria nos anos subsequentes—a previsão se confirmou neste ano, com avistamentos significativamente mais raros desses insetos.

Devido a esses padrões observados em diversas regiões, Winchell acredita que o fenômeno em questão seja um processo ecológico natural, e não o resultado de esforços individuais para erradicar os insetos, que estariam alterando a trajetória da população. Com base nas populações menores, porém sustentadas, de percevejos-lanternas em locais onde o pico já foi atingido, é provável que esses insetos tenham se estabelecido permanentemente.

“Vão se multiplicar novamente como fizeram anos atrás? Provavelmente não”, afirmou. “Mas desaparecer? Não.”

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