Sensação térmica acima de 60 graus: veja como identificar os sinais de exaustão pelo calor
Instituto Nacional de Meteorologia (Inemet) prevê 40 graus para a próxima segunda-feira; em casos extremos, sintomas podem levar à morte
A exaustão de calor pode chegar a causar a morte, explica a cardiologista e intensivista Stephanie Rizk.
— Os riscos associados ao calor extremo para a saúde são alarmantes e podem resultar em sérias consequências. Em situações onde as pessoas estão expostas a altas temperaturas, sobretudo em locais mal ventilados ou com grande concentração de pessoas, diversos problemas de saúde podem surgir — alerta a especialista em insuficiência cardíaca, transplante cardíaco e coração artificial da Rede D’Or, Hospital Sírio-Libanês e médica da Cardio-Oncologia do InCor/ICESP da Faculdade de Medicina da USP.
A insolação é o problema mais preocupante associado à exposição ao calor extremo. Essa condição, considerada grave, é decorrente da incapacidade do corpo em controlar a própria temperatura. Os sintomas incluem:
Outro problema comum, segundo Rizk, é a desidratação, causada pela perda significativa de água e eletrólitos, o que é frequente em situações de calor intenso e suor excessivo.
— Sinais como sede extrema, boca seca, urina de cor escura, fadiga e tontura são indicativos dessa condição.
Além dos quadros causados especificamente pelo calor, as altas temperaturas agravam doenças pré-existentes. O calor pode impactar gravemente sete órgãos: cérebro, coração, intestinos, fígado, rins, pulmões e pâncreas.
Estudos feitos pelo grupo de Paulo Saldiva, professor titular do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), especialista no impacto do meio ambiente sobre a saúde, mostram que o calor eleva o risco de crises de epilepsia, por exemplo.
Pessoas com doenças cardiovasculares também correm maior risco. O aumento da temperatura corporal provoca vasodilatação, causando queda abrupta e intensa de pressão arterial. Além disso, exige que o coração bombeie sangue rapidamente. Entre os eventos prováveis que podem resultar da sobrecarga estão infarto e, em última instância, colapso cardíaco e morte.
Confira as recomendações:
Os 40 graus de máxima previstos pelo Inmet para a próxima segunda-feira, com até 80% de umidade, podem significar uma intolerável sensação térmica de 62,7 graus, se a máxima coincidir com 60% de umidade. Mas nem precisa tanto: 39 graus com 50% são suficientes para se chegar a 51,6 graus de sensação térmica.
Segundo especialistas, muito antes disso qualquer pessoa sente mal-estar. A tolerância ao calor varia de um indivíduo para outro. Mas o risco, independentemente da idade e da boa saúde, começa quando a temperatura do ar supera a do corpo humano, de 36,5 graus, ensina Fábio Gonçalves, professor de biometeorologia da Universidade de São Paulo (USP).
Acima de sua própria temperatura, o corpo precisa trabalhar mais para se manter em equilíbrio. Com a temperatura igual ou superior a 37 graus com mais de 70% de umidade do ar, qualquer pessoa pode ter problemas de saúde, diz Gonçalves.
É prevista também umidade alta, o que amplifica o desconforto térmico porque o suor não evapora levando o calor que o corpo tenta expelir embora. Porém, não há previsão de chuva capaz de fazer o termômetro baixar um pouco. Seluchi diz que os modelos descartam a chance de frentes frias ou uma Zona de Convergência do Atlântico Sul nos próximos dez dias.
Previsão dos próximos dias
O município do Rio está no nível de calor 3 (NC3) desde a última segunda-feira (dia 10). O nível de calor 3 caracteriza-se quando há registro de índices de calor alto (36 graus a 40 graus) com previsão de permanência ou aumento por, ao menos, três dias consecutivos.
Neste sábado, a nebulosidade segue variada e não há previsão de chuva.
Entre o domingo e a próxima terça-feira, as temperaturas voltam a subir, e a nebulosidade deve apresentar redução.
A cidade segue sem previsão de chuva. Os ventos estarão predominantemente moderados.