Após ouro em Tóquio, Mariana D’Andrea quer repetir feito no Mundial
Halterofilista retomou treinos logo após voltar da Paralimpíadas
Há exatamente um mês, Mariana D’Andrea escrevia o nome na história do paradesporto ao conquistar, nos Jogos de Tóquio (Japão), um inédito ouro paralímpico para o halterofilismo brasileiro. Três meses após o feito, a paulista de 23 anos será testada pela primeira vez desde a medalha, logo em um Campeonato Mundial. Ela já retomou os treinamentos visando a competição, que será disputada entre 28 de novembro e 5 de dezembro na cidade de Butami (Geórgia).
“A expectativa é muito boa. Saí de Tóquio preparada, tive um resultado muito bom lá e agora é manter os treinos para melhorar mais ainda e buscar outra medalha, agora de ouro”, disse Mariana à Agência Brasil.
“Será uma competição forte. Em Tóquio, eram oito [atletas por categoria]. Na Geórgia, podem ser 20. Mas estou bem preparada, tanto fisicamente como psicologicamente”, completou a medalhista de ouro da categoria até 73 quilos, que foi prata no último Mundial, realizado em Nur-Sultan (Cazaquistão), em 2019, na disputa por equipes mistas, ao lado de Bruno Carra e Evandro Rodrigues. https://www.instagram.com/p/CTMX4MEnvZk/embed/captioned/?cr=1&v=13&wp=540&rd=https%3A%2F%2Fagenciabrasil.ebc.com.br&rp=%2Fesportes%2Fnoticia%2F2021-09%2Fapos-ouro-em-toquio-mariana-dandrea-quer-repetir-feito-no-mundial#%7B%22ci%22%3A0%2C%22os%22%3A1096%2C%22ls%22%3A903%2C%22le%22%3A927.7999999523163%7D
Chegar como atual detentora da coroa da categoria fará de Mariana a atleta mais observada pelas rivais no Mundial. Lidar com a pressão, no entanto, não parece que será difícil para a jovem de Itu (SP), que tem nanismo (baixa estatura). No halterofilismo paralímpico, os competidores não são divididos pela deficiência, mas conforme o peso.
“Tenho amadurecido com as experiências. O nervosismo só atrapalha. Sei que o que faço na competição é o mesmo que faço nos treinos. [Em Tóquio] fiquei bem tranquila. Sabia que a medalha viria. Era meu objetivo, meu foco. Tinha a adrenalina, mas nada de medo ou nervosismo. Nem eu mesmo acreditei que estava calma daquele jeito”, recordou a brasileira.
“Fiquei surpreso com o equilíbrio emocional da Mariana. Ela aqueceu ao lado da adversária principal, a chinesa [Lili Xiu, que foi prata]. Começaram a fazer pressão, jogar a barra, dar gritos, mas a Mariana simplesmente ignorou, virou as costas, fingiu que nada estava acontecendo. Ela dizia o tempo todo que queria ganhar o ouro, desde Hamamatsu [cidade japonesa onde a delegação brasileira fez aclimatação antes de ir para Tóquio]. Estava certa de que disputaria o ouro. Isso fez diferença”, completou o técnico da atleta, Valdecir Lopes, à Agência Brasil.
A maturidade de Mariana, que iniciou na modalidade em 2015, chama atenção pela juventude. A brasileira era a segunda mais jovem entre as finalistas da categoria dela em Tóquio. Das oito competidoras, cinco tinham mais de 30 anos. A chinesa Xiu, vice-campeã, tem 40 anos, um a mais que a francesa Souhad Ghazouani, recordista mundial do peso e medalhista de bronze no Japão. https://platform.twitter.com/embed/Tweet.html?creatorScreenName=agenciabrasil&dnt=false&embedId=twitter-widget-0&features=eyJ0ZndfZXhwZXJpbWVudHNfY29va2llX2V4cGlyYXRpb24iOnsiYnVja2V0IjoxMjA5NjAwLCJ2ZXJzaW9uIjpudWxsfSwidGZ3X2hvcml6b25fdHdlZXRfZW1iZWRfOTU1NSI6eyJidWNrZXQiOiJodGUiLCJ2ZXJzaW9uIjpudWxsfSwidGZ3X3NwYWNlX2NhcmQiOnsiYnVja2V0Ijoib2ZmIiwidmVyc2lvbiI6bnVsbH19&frame=false&hideCard=false&hideThread=false&id=1431844528760127488&lang=pt&origin=https%3A%2F%2Fagenciabrasil.ebc.com.br%2Fesportes%2Fnoticia%2F2021-09%2Fapos-ouro-em-toquio-mariana-dandrea-quer-repetir-feito-no-mundial&sessionId=30cd82604839cbf58bcab794bfb4b46f30a26656&siteScreenName=agenciabrasil&theme=light&widgetsVersion=1890d59c%3A1627936082797&width=550px
“O halterofilismo paralímpico é um esporte de longo prazo, que permite tranquilamente que o atleta chegue aos 40 anos, 45, sendo competitivo. A Mariana é muito jovem. Minha ideia, como treinador, é cuidar para que ela prolongue ao máximo da saúde, sem lesão, para atingir essa maturidade e seguir entre as três primeiras do mundo por muito tempo. Ela gostou de ganhar o ouro, viu que representa muita coisa. Se perguntar a ela sobre [a Paralimpíada de] Paris [França], em 2024, ela vai falar que quer ganhar de novo [risos]”, comentou Valdecir.
Os participantes do Mundial ainda não foram confirmados. A equipe brasileira será definida após a seletiva marcada para 13 de outubro, no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo. Os sete atletas que representaram o país em Tóquio, porém, já possuem marcas que os credenciam à competição na Geórgia e não devem participar do evento de qualificação.
“Muita gente virá ao Mundial em uma fadiga danada, pois é a primeira vez que o torneio será realizado após a Paralimpíada. Talvez as marcas não sejam lá tão esperadas. Mas acho que aqueles que não conseguiram atingir os objetivos em Tóquio estarão com a faca nos dentes. Será um campeonato forte e duro, talvez até mais duro que os Jogos”, avaliou o técnico de Mariana.
“Meu objetivo é chegar lá, conquistar essa medalha e completar o ano bem feliz. Meu treinador sempre fala que é difícil chegar ao topo, mas que mais difícil é se manter. Quero continuar firme e forte para não deixar que as meninas me peguem e ser a melhor das melhores, sempre”, finalizou a paulista, que foi ao pódio dez vezes nas 12 competições internacionais que disputou.
Edição: Fábio Lisboa
Fonte: Agencia Brasil EBC